Reunido excepcionalmente na tarde desta segunda-feira, 25, o Conselho Universitário da UFMG posicionou-se, por meio de nota (leia ao fim deste parágrafo), sobre fatos associados à prisão de pessoas suspeitas de tráfico de drogas nas dependências do campus Pampulha. O comunicado, assinado pela reitora e presidente do Conselho, professora Sandra Regina Goulart Almeida, esclarece que “a sentença judicial, proferida em 24/10/2019, pelo Juiz de Direito da 3ª Vara de Tóxicos da Comarca de Belo Horizonte, da qual o MEC foi notificado, deixa claro que nenhum dos acusados é estudante ou servidor da UFMG, nem tem qualquer vínculo com a Instituição”.

Leia a íntegra da Nota do Conselho Universitário da UFMG_25.11.2019.pdf

Direcionada às comunidades interna e externa, a nota esclarece que não há, na sentença, “qualquer prova ou sequer indício que ampare a acusação improcedente de que houve uso dos laboratórios de química da UFMG para a fabricação de drogas ilícitas”. O documento divulga ainda as considerações finais da sentença. O magistrado responsável pela decisão conclui que “deve ser frisado que não existe nenhuma prova de que a direção das faculdades que serviram de palco para o delito tenham, de algum modo, concorrido para o fato criminoso ou mesmo tenham oficialmente sido cientificados da ocorrência”. 

Ainda segundo o Conselho, "esses elementos são absolutamente claros para descartar como indigna e repugnante, além de caluniosa, a tentativa de associar a UFMG e seus laboratórios a práticas como a produção de drogas ilícitas".

Motivação
A reunião do Conselho Universitário da UFMG foi motivada por entrevista concedida pelo ministro da Educação ao Jornal da Cidade na semana passada, na qual ele acusa as universidades federais de terem “plantações extensivas de maconha” e afirma que “laboratórios de química” das universidades se transformaram em usinas de fabricação de drogas sintéticas, como metanfetamina. Além disso, o ministro postou, em uma rede social digital, no mesmo dia em que a entrevista foi divulgada, link para uma notícia jornalística publicada há seis meses com o título Polícia apura se insumos da UFMG são usados para fabricar drogas, na qual se fazia uma associação entre a Universidade e a produção de drogas sintéticas.

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e as sociedades brasileiras de Física (SBF) e de Química (SBQ), entre outras entidades, publicaram notas repudiando as declarações do ministro. Leia, a seguir, as notas divulgadas pelas instituições:

Academia Brasileira de Ciências (ABC)
Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes)
Associação Nacional de Docentes (Andes)
Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra)
Sociedade Brasileira de Física (SBF)
Sociedade Brasileira de Química (SBQ)
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)
Universidade de Brasília (UnB)

(Matéria de autoria de Marcílio Lana; reproduzida do site da UFMG)